Eleição do Novo Papa Leão XIV

Francisco, o Papa da misericórdia, descansou no coração do Ressuscitado em plena oitava da Páscoa, não podia ser diferente com alguém que sempre viveu o mistério de sua vida e missão na intimidade e comunhão com Jesus. Sua partida nos deixou um vazio, que logo foi preenchido pelo seu legado missionário que ecoará pelas veias da Igreja pelos próximos séculos. É impossível pensar a missão da Igreja hoje, sem se voltar aos ensinamentos, escritos e atitudes do Papa que ousou ser chamado pelo nome do santo de Assis.

Terminado o período de oração pelo Pontífice que se foi e após as reuniões, chamadas de “congregações”, que discutem o perfil que o próximo Papa precisa possuir, diante dos desafios missionários que o mundo moderno nos impõe, é iniciado o Conclave, do latim ‘cum clavis’, que significa fechado a chaves. A missão deste momento fecundo é dar a Igreja, o seu novo pastor universal. Na reclusão do mundo externo, os cardeais são convidados a se abrirem para a ação do Espírito Santo e cumprir a desafiadora e tão necessária missão de eleger o novo Papa.

Quis a providência divina que, de maneira surpreendente, fosse escolhido para esse ministério o então cardeal Prevost, prefeito do Dicastério para os Bispos. Prevost nunca despontou na lista dos ‘papáveis’, que no fundo projetavam muito mais as ideologias mesquinhas e estéreis dos que fazem a Igreja parecer um lugar de sectários obcecados pelo poder, do que de uma comunidade de discípulos de Jesus. E nesse sentido, podemos dar graças, pois o Espírito Santo não se rende aos nossos esquemas tendenciosos e furados.

Robert Francis Prevost, filho de Mildred Martínez e Louis Marius Prevost, nasceu em Chicago em 14 de setembro de 1955. Foi ordenado sacerdote em 19 de junho de 1982, na Ordem de Santo Agostinho, após ter professado seus votos religiosos em 1981. Foi nomeado bispo de Chiclayo, no Peru, em 3 de novembro de 2014, pelo Papa Francisco, após ter atuado como administrador apostólico da diocese desde 2014. Foi criado cardeal pelo Papa Francisco no consistório de 30 de setembro de 2023, recebendo o título de Cardeal-Presbítero de Santa Mônica.

Após sua eleição, o agora Papa Leão XIV, foi escolhido em vista da coragem e de sua sabedoria pastoral iniciadas por seus predecessores. Sua escolha trouxe grandes expectativas para a Igreja Católica de modo geral, visto que reforça o compromisso da Igreja com um líder que seja próximo de seu povo, com características missionárias, sinodais, pacificadoras e aberto ao diálogo global.

Em seu discurso inicial, o Papa Leão XIV inicia saudando todos os fiéis que se encontravam presentes na Praça de São Pedro e, ainda emocionado e transmitindo em seu semblante paz, saúda a todos com a paz do Cristo Ressuscitado: “A paz esteja convosco”. Reafirma que a paz que vem de Cristo é marcada por humildade e perseverança, e que vem de Deus, que ama a TODOS incondicionalmente. O papa eleito reforçou a majestade do papado de Francisco e, com um discurso que nos impulsiona a caminhar, convocou todos os fiéis ao redor do mundo a caminharem juntos com coragem e fé, mostrando que o caminho para combater os males que a Igreja enfrenta é estar unido a Deus, ressaltando que o caminho para isso está no diálogo e na solidariedade.

Com olhar grato, ainda em seu discurso, destacou a gratidão aos seus irmãos cardeais que o elegeram como o novo papa e reforçou seu desejo e compromisso de permanecer próximo a eles. Reafirmou diante do povo do mundo todo o seu compromisso de guiar a Igreja com justiça, coragem missionária e fidelidade a Cristo e ao Reino de Deus. Ainda em seu discurso, recordou sua identidade como agostiniano e trouxe a grande frase de Santo Agostinho: “Convosco sou cristão, para vós sou bispo.” Após suas palavras, o novo papa rezou com os fiéis e concedeu sua primeira Bênção Urbi et Orbi, abençoando a cidade de Roma e o mundo inteiro.

Assim, a caminhada da Igreja vai se construindo: em diferentes épocas, em contextos variados, mas conduzida pelo mesmo Espírito que suscita homens e mulheres generosos, dispostos a construir em seu agir, o Reino anunciado por Jesus. Roguemos ao Senhor do tempo e da história, para que nesse momento, sob a guia de Cristo, cabeça da Igreja e sob o pastoreio de Leão XIV, que continuemos a fazer de nossas comunidades, verdadeiras casas da misericórdia e assim permaneçamos na nossa peregrinação da Esperança.