A fecunda relação de Maria com o Coração de Jesus
Celebramos hoje a Festa de Nossa Senhora do Sagrado Coração, este título é um dom dado ao Coração do Padre Chevalier, pelo Espírito Santo e que se tornou devoção na congregação dos Missionários do Sagrado Coração, das Filhas de Nossa Senhora do Sagrado Coração, dos Leigos da Família Chevalier e de toda Igreja.
Após três anos da fundação da nossa congregação, em 1857, Padre Júlio Chevalier, após um momento de profunda oração, intui esse título mariano. Ele afirma que os MSC deveriam considerar Maria como a grande fundadora da pequena congregação, já que esta foi fundada quando a Igreja proclamava o dogma da Imaculada Conceição em 1854 e pelo fato de que foi a partir de uma novena feita a Nossa Senhora que ele percebeu os sinais necessários para fundar tal obra. Assim Padre Chevalier, dá a Nossa Senhora o título de Nossa Senhora do Sagrado Coração.
A imagem de Nossa Senhora do Sagrado Coração contém Maria apontando para Jesus Cristo e este para apontando para sua mãe. Neste sentido, Padre Chevalier teve um senso teológico fecundo. Este título não se deve a nenhuma aparição, como é o caso de muitas outras devoções marianas, mas a uma inspiração divina feita a um coração agradecido. É um dos poucos títulos marianos que relacionam Maria, de maneira explícita, com seu Filho, e, sobretudo, com o Coração de seu Filho. É um título que encerra o mistério de seu ser e a essência de sua missão. Uma de suas características mais claras é que não nos apresenta Maria sozinha, mas em relação com Jesus e, através dele, com toda a Trindade.
O fim desta devoção não deve ser Maria e sim para onde ela aponta: O Coração de Jesus, como símbolo da pessoa toda de Jesus, do mistério da sua entrega por nós. No fundo o que está sendo enaltecido é a presença salvadora de Jesus na história da humanidade sofredora. Quando olhamos para o contexto violento que vivemos, percebemos que o mundo precisa de uma reposta que não vem apenas, pela doutrina absorvida intelectualmente, mas de uma atitude de amor e doação pelo outro e Jesus é o grande modelo de entrega e amor pela humanidade. Olhar para o coração de Jesus deve expressar nosso desejo de que nosso coração, nossas atitudes sejam semelhantes ao de Cristo, o rosto misericordioso de Deus.
O fato de Jesus apontar para Maria, mesmo que este seja criança, pode ser entendido espiritualmente, como o desejo de mostrar que Maria soube ser discípula de Jesus Cristo e que ela conhece os passos para se chegar a misericórdia de seu coração. Isso pode ser alcançado por qualquer fiel sincero que siga os passos de Jesus. Porém, temos um retrato de seguidora, ouvinte da palavra de Deus, que nos oferece algumas características necessárias para se colocar no caminho do discipulado. Olhar para Maria deve despertar em nós o desejo de sairmos em missão e corrermos para cantar as maravilhas de Deus por nós. Maravilhas estas, operadas em favor dos mais fracos e oprimidos. O ‘braço’ poderoso de Deus que conduziu a história de Maria, também conduz a história de luta do seu povo que está a caminho do encontro definitivo com a Trindade.
Com isso, todas as vezes que os fiéis invocarem a Maria, chamando-a de Nossa Senhora do Sagrado Coração, deve ter na mente e no coração, a pessoa de Jesus Cristo. Maria é aquela que nos aponta o caminho para chegar a Jesus Cristo. Enxergamos, assim, a relação de Maria com seu Filho, presente nos relatos evangélicos. Aquela que escuta a Palavra, a guarda no coração, põe se a caminho do serviço missionário e faz com que essa palavra divina produza frutos na história. Temos assim um modelo de itinerário que somos chamados a palmilhar.
Padre Magno Luis, MSC