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Mártires

Beatos Mártires MSC de El-Quiché

Padre José María Gran Cirera, Padre Faustino Villanueva, Padre Juan Alonso Fernandes e sete leigos martirizados na Guatemala. Eles viveram até o dom de suas vidas, o amor misericordioso do Coração de Cristo. No início dos anos 1980, a situação geral dos países da América Central foi, no mínimo, assustadora. As ditaduras impostas trouxeram consigo todos os males da falta de liberdade. Durante este processo, a vida religiosa destes países, desejosa de ser fiel ao Evangelho, ocupou um papel decisivo na defesa dos direitos humanos. Desta forma, os colegas se esforçaram por se comprometer mais com os pobres e com uma libertadora evangelização.Eles se fizeram artesãos da paz. No entanto, ficar desse lado da história, neste contexto, significou opor-se àquele regime. A posição de defesa dos direitos humanos foi identificada como ′′perigosa e subversiva′′ e os missionários estrangeiros foram considerados uma ′′ameaça à soberania nacional”. Um dos grupos mais dinâmicos e empenhados em favor da opção para os pobres na sequência de Jesus foi, sem dúvida, os Missionários do Sagrado Coração.

Entre eles, três se destacavam especialmente os padres: Faustino Villanueva, João Alonso Fernandes e José María Gran Cirera, três espanhóis que levaram até ao fim o seu compromisso evangélico com os mais marginalizados. Eles deram sentido à sua vida oferecendo ao povo de Deus na Guatemala e na Nicarágua o amor salvador e libertador de Deus Pai manifestado no Coração de Jesus. Escolheram os mais pobres como amigos e morreram assassinados por serem fiéis a seguir Jesus no amor e no serviço dos marginalizados.

Oração aos beatos MSC de El-Quiché – Guatemala

Senhor, Pai misericordioso, te damos graças por teu Filho Jesus Cristo, testemunha fiel. Graças pelos sacerdotes Missionários do Sagrado Coração: José Maria, Faustino e Juan Alonso; e por nossos irmãos leigos: Rosalío, Miguel, Reyes, Tomás, Nicolás, Domingos e Juanito; os quais, movidos por teu Espírito, foram testemunhas do teu Amor entre nós. Graças porque, como cristo, deram sua vida pelo Evangelho do Reino. Graças porque em teu povo abrem novos caminhos de verdade, perdão e reconciliação para que em toda parte se faça presente a justiça, o amor e a paz. Concede-me, por sua intercessão, esta graça…
Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém

Peter To Rot, Catequista e Mártir

É importante sabermos a história deste homem, porque tem muito a ver com o trabalho realizado pelos Missionários do Sagrado Coração, no pacífico.A Papuásia – Nova Guiné, uma grande ilha ao norte da Austrália, foi a primeira missão entre os “infiéis” (como se dizia naquela época), que os MSC aceitaram. No dia 29 de setembro de 1882, os padres Navarre (futuro bispo), Cramaille e Fromm desembarcaram na ilha de Nova Bretanha para iniciar, em circunstâncias muito difíceis, a evangelização da ilha. Muitos missionários deram a vida naquelas terras, mas os frutos do seu trabalho continuam aparecendo.

O pai de Peter To Rot

Peter To Rot é um dos católicos de segunda geração, nascido em 1912. Isto é importante, pois seu pai entrou na igreja pouco depois da chegada dos primeiros missionários em Malaguna (1893). Foi uma grande surpresa para os missionários quando, em 1898, o chefe do povoado de Rakunai, nas colinas ao redor do porto de Rabaul, Angelo To Puia, veio falar com o padre, dizendo que a maioria dos habitantes do seu povoado queria ser católico e não metodista. Depois da catequese preparatória, To Puia foi batizado. Ele foi chefe do seu povo por 40 anos e conseguiu que um padre fosse enviado a Rakunai, em 1901.

To Puia era um homem extraordinário. Seus antepassados foram pagãos, como todos os demais da área. Ele, porém, aceitou plenamente os princípios cristãos, procurou trazer a paz entre os povoados vizinhos, socorria os pobres e adotou várias crianças órfas em sua família. Ele tinha uma atenção toda especial para com seu filho Peter, pois este sempre foi um bom trabalhador e um bom estudante.

A educação de Peter

Peter To Rot educou-se numa família católica e era encorajado por seus pais a fazer suas orações e participar diariamente da missa quando havia sacerdote em Rakunai. Ele era o melhor estudante da escola e seu pai discutia com ele todas as tarefas de casa. Procurou conhecer bem a Biblia. Sua mãe, Maria La Tumul, era uma pessoa simples e agradável.

Importância dos catequistas

Uma das estratégias da missão em Papuásia-Nova Guiné era formar catequistas que pudessem orientar a vida cristã nos povoados. Por isso foi fundada uma escola de formação de catequistas em Taliligap, não muito longe de Rakunai. Os irmãos MSC cuidavam da formação desses jovens. O papel do catequista nos povoa dos era bem claro: eles se encarregavam da supervisão da escolinha, da preparação dos catecúmenos para o batismo, das celebrações dominicais quando não havia padre, do cuidado dos enfermos e dos necessitados. Era um programa intenso, mas os resultados demonstraram que era o tipo de apostolado leigo mais adequado para a evangelização.

O catequista Peter To Rot

A vida de Peter To Rot mostra claramente quanta influência positiva pode ter um bom catequista num desses povoados. Ele tinha 18 anos, quando ingressou na escola catequética São Paulo, em Taliligap.

Em 1933, depois de três anos na escola de catequistas, o catequista de Rakunai teve de sair, e Peter foi indicado para assumir essa responsabilidade no seu povoado natal. Foi uma mudança bem sucedida: os que o conheciam como catequista contam como ele usava histórias para expor a doutrina, de tal forma que o povo discutia sobre o que havia dito, ao voltar para casa.

Peter e a Bíblia

Ele sempre levava consigo a Bíblia – algo pouco usual naqueles dias – e conhecia bem a Bíblia para poder ajudar seu povo. Ele continuava também os esforços do seu pai para apaziguar casos de conflitos. Em 1939, Peter casou com Paula La Varpit, uma moça de um povoado vizinho. Foi um casamento baseado nos princípios cristãos de escolha livre e mútua colaboração. As três crianças que nasceram do casamento eram a alegria do pai, embora o mais novo tivesse nascido quando o pai já estava na prisão.

 Horrores da guerra

Quando, em março de 1942, os japoneses chegaram, eles expulsaram a guarnição australiana dentro de 24 horas. Depois, eles fizeram de Rabaul seu Quartel-General para toda a regido Sul do Pacífico.

A vida da Igreja nos povoados dependia exclusivamente do próprio povo, principalmente da ação dos catequistas. Foi nessas circunstâncias que as qualidades de Peter To Rot vieram mais à tona. Enquanto outros catequistas cumpriram sua missão com ânimo inconstante, Peter sabia que Deus o havia escolhido para esta missão, e por isso nunca deixou de organizar a oração comunitária aos domingos, os batismos, a comunhão, os casamentos e os enterros. Quando a igreja principal do povoado foi destruída por um bombardeio, ele fez de Rakunai uma igreja de catacumbas. A partir de sua casa, ele continuou seu trabalho de animador da comunidade, manteve em dia os registros de batismo e casamento, tentava ajudar os que tinham problemas inclusive outros catequistas que estavam confusos devido às mudanças políticas provocadas pela ocupação japonesa.

Acusações

Aconteceu o inevitável: Peter To Rot foi preso, junto com seus irmãos, num quarto que servia de prisão e ambulatório médico. Foi acusado de realizar assembleias de oração e de interferir nos planos japoneses de promover a poligamia (um homem pode ter várias mulheres). Enquanto os outros prisioneiros podiam trabalhar no cultivo da horta, Peter teve que ficar dentro da prisão, trabalhando na cozinha. Sabia o que estava em jogo e não esperava que seria solto, quando seus irmãos puderam voltar ao povoado. Mesmo a intervenção do chefe de Rakunai em seu favor não adiantou. Era uma luta para saber quem cederia: os japoneses ou catequista.

 Peter não hesita

Numa das últimas assembleias dominicais a que presidiu, ele disse: “Eles querem levar embora a nossa oração, mas não tenham medo, eu continuo o meu ministério”.

A morte de Peter

À guerra estava chegando ao seu fim. Era agosto de 1945. Peter sabia que, se continuasse “obstinado” seria morto. Por isso, ele pediu à sua esposa que lhe trouxesse suas roupas de catequista: camisa, túnica e a cruz. Ele descontava que a polícia ia chamar o médico para vê-lo.

Seu fim veio rápido: os outros prisioneiros foram levados para trabalhar fora e Peter foi levado ao consultório do médico. Um dos seus companheiros de prisão desconfiou de que algo estranho estava acontecendo, e por isso foi até um lugar mais alto onde podia enxergar dentro do ambulatório o que estava acontecendo com Peter: a polícia tapou seus ouvidos com flocos de algodão e o médico deu-lhe uma injeção. Enquanto o policial o segurava com um lençol sobre a cabeça, seu corpo tremeu algumas vezes e ele foi deixado como morto.

No dia seguinte, os japoneses se mostraram surpresos quando seu cadáver foi encontrado, agradeceram o espírito que havia passado, e devolveram seu corpo a família para ser enterrado sem cerimônias religiosas. Seus colegas catequistas e o povo de Rakunai o enterraram, e sua memória continuou viva.

Exemplo maravilhoso

Ele pode ser considerado um exemplo para todos os catequistas e os ministros das comunidades, não só em meio ao próprio povo, mas no mundo inteiro.

Beatificação

No dia 17 de janeiro de 1995, o Papa João Paulo II o beatificou em Port Moresby (Papuásia-Nova Guiné).

“A causa missionária deve ser para todo crente tal como para toda a Igreja a primeira de todas as causas, porque diz respeito ao destino eterno dos homens e responde ao desígnio misterioso e misericordioso de Deus.”

João Paulo II

JANSSEN, Francisco. Peter To Rot, Catequista e Mártir. In.: O mundo precisa de um coração: Missionários do Sagrado Coração. Gráfica Editora Júlio Chevalier, Campinas-SP

Mártires de Canet del Mar (Espanha)

O país europeu mergulhou na Guerra Civil e a fé católica era a principal inimiga dos milicianos republicanos (partido comunista) e quem professava essa religião era perseguido e morto, por ser inimigo do povo. Muitos religiosos e religiosas, padres e leigos, morreram durante esta grande rebelião espanhola. Nossos irmãos MSC foram assassinados em 29 de setembro de 1936, sendo traídos por alguns cidadãos, quando queriam chegar à fronteira com a França, pois haviam sido ameaçados de que, se continuassem na casa do MSC, morreriam. Os irmãos mártires MSC são:Padre Antonio Arribas Hortigüela

Padre Abundio Martín Rodríguez.

Padre José Vergara Echevarría. Navarro

Padre Joseph Oriol Isern Massó

Irmão Gumersindo Gómez Rodrigo

Irmão Jesús Moreno Ruiz

Irmão José del Amo del Amo.

Eles foram beatificados em 7 de maio de 2017 na Catedral de Girona, Catalunha, Espanha e presididos pelo Cardeal Angelo Amato, enviado especial de Roma pelo Papa Francisco. A imensa nave da catedral estava cheia de familiares dos mártires, religiosos e religiosas de várias congregações, bispos e padres de diferentes dioceses espanholas. E no meio de todos eles, os Missionários do Sagrado Coração da Espanha e de muitos dos 53 países onde realizamos nossa missão, liderados pelo Padre Marcos McDonald, MSC, Superior Geral.

Oração aos beatos MSC de Canet del Mar – Espanha

Pai de bondade e misericórdia, te damos graças pelo testemunho de fidelidade até a morte dos beatos Antônio, Abúndio, José Vergara, Josep-Oriol, Gumersindo, Jesus Moreno e José del Amo que entregaram a sua vida por Cristo. Concedei-nos crescer na fé e no conhecimento do mistério no Coração de Jesus, anunciar o seu amor a todos os homens e mulheres do nosso mundo, especialmente aos mais pobres e obter pela intercessão desses beatos a graça que te pedimos. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém.

Bento Daswa, Mártir – África do Sul

Tshimangadzo Samuel Daswa nasceu a 16 de junho de 1946, na aldeia de Mbahe, província do Limpopo, diocese de Tzaneen, na África do Sul; Foi batizado no dia 21 de abril de 1963, aos 16 anos de idade com o nome de Benedict; morreu mártir pela fé a 2 de fevereiro de 1990 e foi beatificado a 13 de setembro de 2015. Sua vida está intimamente ligada a Missão dos Missionários do Sagrado Coração na África do Sul.Daswa foi assassinado por aldeões por se negar a pagar pelos serviços de um bruxo que supostamente deveria acabar com os temporais que atingiam a região na época. Este pai de oito filhos se opôs a contribuir na coleta, já que sua fé católica o impedia. Caiu em uma emboscada na noite de 2 de fevereiro de 1990, quando ia para casa.

Primeiro foi apedrejado por seus agressores, mas conseguiu escapar. No entanto, foi encontrado pouco depois e assassinado por espancamento com paus. Os assassinos jogaram posteriormente água fervente nos ouvidos e dentro do nariz para garantir que estava morto.

Recordando as palavras do Papa Francisco no dia de sua beatificação: “Na sua vida, Bento demonstrou sempre muita coerência, assumindo corajosamente atitudes cristãs e rejeitando hábitos mundanos e anticristãos. O seu testemunho ajude especialmente as famílias a difundir a verdade e a caridade de Cristo. E o seu testemunho junta-se ao de tantos nossos irmãos e irmãs, jovens, idosos, adolescentes, crianças, perseguidos, expulsos, assassinados por confessarem Jesus Cristo”

José María Gran Cierera e Domingo Batz. Guatemala, †1980

José María Gran Cirera, nascido em Canet de Mar, Barcelona, 27 de abril de 1945. Ele fez sua profissão religiosa no dia 8 de setembro de 1966. Foi ordenado sacerdote em Valladolid em 09 de junho de 1972; três anos depois, foi trabalhar como missionário na Diocese de Quiché, Guatemala.Assassinado juntamente com Domingo Barrio Batz em 04 de junho de 1980, perto da aldeia Xe Ixoq Vitz em Chajul.

Seus cinco anos de serviço missionário no Quiché foram nas paróquias de Santa Cruz e San Gaspar Chajul Zacualpa. Sempre alegre e disposto a vivenciar com o povo o Deus vivo e presente na comunidade. Sendo um homem sensível e de coração inquieto, logo se identificou com o povo simples destas comunidades.

O trabalho pastoral o obrigava a fazer longas viagens missionárias para estar presente em cada uma das comunidades da paróquia. Ele descobria a presença de Deus em pessoas que sofria as muitas carências. Ficava cada vez mais claro o sentido da missão e seu compromisso evangélico com os pobres e perseguidos.

Ele era muito consciente da instabilidade política que estava por vir sobre o povo desassistido pelas políticas de desenvolvimento oficiais. Naquela época, ele escreveu: “Há mais soldados do que antes em Chajul, e por causa de certos rumores que correm entre as pessoas, nós preferimos não deixar a cidade por vários dias, pois, com tantos soldados nas ruas, as pessoas não estão tranquilas e a presença do padre, mesmo que pouco possa fazer, sempre dá um pouco de tranquilidade”.

Seu serviço pastoral foi feito especialmente nas comunidades mais remotas. Um fato ecoou fortemente em Quiché: o incêndio na Embaixada de Espanha, onde 39 pessoas foram mortas, a maioria eram camponeses, e alguns eram catequistas. Este fato chocou a população. E o então bispo, Dom Juan Gerardi, sacerdotes e religiosos corajosamente denunciou em um comunicado: “a situação de violência extrema, agravada pela ocupação militar do Norte…”.

Logo após o ocorrido, o comandante militar disse a população que o Pe. José María e os outros padres e freiras eram responsáveis pelo que eles estavam passando no norte de El Quiché e advertiu ao Pe. José María que ele era um estrangeiro e enfrentaria as consequências.

A partir de então começaram as ameaças diretas contra os sacerdotes e catequistas.Dias depois o Pe. José María precisou seguir em viagem missionária até Chel, distante do povoado, e lá realizou celebrações e atendeu ao povo como acostumava a fazer. Neste povoado ele foi avisado do perigo que corria, porém, não desistiu de suas atividades pastorais e seguiu sua missão como de costume, atendendo as comunidade e os povos.

Ao retornar, em Visiquichún, aldeia para a qual ele teve que passar no meio do caminho, foi advertido novamente do perigo. E neste lugar Pe. José María disse várias coisas de grande importância: em primeiro lugar; sua decisão de voltar ao Chajul porque no dia seguinte deveria celebrar a solenidade de Corpus Christi; em seguida, ele tentou em vão dissuadir Domingo Barrio Batz que o acompanhou o resto do caminho, porque sua vida corria perigo e ele tinha uma esposa e filhos para cuidar; Domingo se recusou a deixá-lo ir sozinho; novamente advertidos por alguns comerciantes que elementos do exército os aguardados no caminho acima, padre José Maria e Domingo ajoelhou-se em oração. Dessa oração, ambos criaram forças para seguirem em frente. Logo depois os dois caíram mortos. Pe. José María com um tiro pelas costas, que lhe fez explodir o coração e Domingos com um tiro no pescoço que arrancou-lhe a cabeça. O exercito admitiu ser o autor das mortes, alegando um confronto com “guerrilheiros”. Padre José Maria tinha 36 anos.

Na ocasião do martírio o Bispo Juan Gerardi disse: “Não dê ouvidos às vozes que querem manchar este testemunho. Não deem ouvidos a aqueles que dizem que os padres deveriam ser mortos, porque eles são comunistas. Irmãos, não! Parte dessa perseguição religiosa é uma campanha de desprestigio e difamação que vêm sido vítima bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, destinadas a criar um clima de desconfiança do povo católico aos seus legítimos pastores. Para nós é especialmente significativo, dadas as circunstâncias da morte do Padre José María Gran Cirera, MSC, pastor da Chajul, um tiro nas costas, quando regressava a cavalo para levar o consolo da religião para muitos paroquianos em aldeias remotas de sua paróquia, acompanhado apenas de seu sacristão Domingo Batz, que igualmente foi morto”.